De origem budista, o Festival Obon é um evento equivalente ao dia de finados no Brasil. Ele é o mais longo de todos os festivais no Japão e tem como finalidade homenagear os ancestrais. Acredita-se que, durante o festival, os espíritos dos antepassados retornam a este mundo para visitar seus parentes.
Tradicionalmente, lanternas são penduradas na frente das casas para guiar os espíritos dos antepassados de volta aos seus lares. Danças tradicionais são realizadas, mas a principal é a famosa “Bon Odori”. Os túmulos são visitados e oferendas de alimentos e flores são feitas em templos e altares montado nas residências, chamados de “Butsudan”.
No último dia do Festival Obon é realizada a cerimônia com lanternas flutuantes, que são depositadas em rios, lagos e mares, a fim de orientar os espíritos de volta para seu mundo.
O Festival compreende 3 dias, e é comemorado tradicionalmente a partir do 13 º ao 15 º dia do 7 º mês do ano, que é em julho, de acordo com o calendário solar . No entanto, o sétimo mês do ano também coincide com o mês de agosto, de acordo com o antigo calendário lunar, que são baseados no ciclo da lua, resultando em anos de doze meses e 29 ou 30 dias, portanto, os meses de celebrações do Festival Obon variam de região para região, apesar de que nos últimos anos, as comemorações têm predominado em agosto, para coincidir com o período das férias de verão.
Origem do Obon
Comemorado há mais de 500 anos, o Festival Obon é originário do budismo chinês, com intenção de salvar os mortos que não conseguem desencarnar. A celebração foi adotada pelos japoneses e tornou-se um evento para cultuar a memória dos antepassados.
Origem do Bon Odori
Um dos principais eventos do Festival Obon é uma dança folclórica, de participação coletiva e popular, chamada Bon Odori. Uma lenda contada no sutra “Urabon-kyô” fala de um monge zen, chamado Mokuen, que se destacava dos demais por ter uma poderosa visão transcendental. Mokuen se concentrava e, assim, seu espírito tanto podia viajar por mundos desconhecidos como ter a visão do que estava acontecendo em qualquer dimensão. O Urabon-kyô conta que a dança Bon Odori surgiu a partir de Mokuen, após ele dançar de felicidade por ter suas orações atendidas pelo sagrado Buda.
Cerimônia Toro Nagashi
No fim da tarde do último dia do festival é realizada a cerimônia Toro Nagashi, que consiste em depositar lanternas de papel (chouchin) em rios, lagos e mares.
Os participantes depositam lanternas flutuantes com o nome dos falecidos escritos nelas, com o intuito de homenagear as almas dos antepassados. Segundo a tradição, estas luzes mostram aos espíritos o caminho de retorno. É por isso que o último dia do festival é também conhecido como o “Festival das Lanternas”
A palavra “toro” significa “lanterna” e “nagashi” significa “cruzeiro ou fluxo”.
Chouchin (Lanternas de Papel)
O chouchin é feito de armação de bambu (de formato variado) coberto de papel ou de seda. Originalmente, era uma espécie de lanterna em que se colocava uma vela acesa em seu interior e era carregada na mão quando se saía à noite.
Entretanto, o chouchin do Festival Obon é diferente no formato. Tradicionalmente, as lanternas da cerimônia Toro Nagashi são pequenas e retangulares, além de possuir uma base que lhe permite flutuar sobre as águas.
Nos dias de hoje, devidamente adaptados às lâmpadas elétricas, os chouchin são largamente usados em quase todas as ocasiões festivas no Japão.
A lenda do Monge Mokuen e o Bon Odori
O sutra “Urabon-kyô” conta que Mokuen resolveu usar o seu poder para ver em qual plano astral encontrava-se o espírito de sua mãe, que havia morrido a pouco tempo. Como ela era uma pessoa muito bondosa, Mokuen imaginou que pudesse encontrá-la no Nirvana, mesmo local onde dizem ser a morada do Senhor Buda (o equivalente ao paraíso relatado na Bíblia Sagrada).
Entretanto, o monge ficou surpreso ao descobrir que sua mãe renascera na dimensão dos Gaki (demônios famintos). Os seres que habitam esse mundo são esfomeados e sofrem de eterna sede. Ao ver sua amada mãe naquela situação de penúria, Mokuen, que possuía o poder de fazer viagem astral, levou comida para ela. Porém, um fato inesperado aconteceu e aumentou o sofrimento de Mokuen: cada vez que a mãe colocava um pouco de comida, o alimento se transformava em fogo e queimava sua boca.
Durante uma oração prolongada, Mokuen pediu ao sagrado Buda que ajudasse a aliviar a dor e o sofrimento de sua mãe. Buda, então, ouviu suas orações e aconselhou Mokuen para no dia 15 de julho, manter todos os monges da localidade enclausurados dentro de um grande mosteiro com o objetivo de que eles ficassem pelo menos por um dia sem pisar nos pequenos insetos e nas flores.
No dia combinado, Mokuen chamou todos os monges da região para o grande mosteiro, dizendo que lhes ofereceria um grande banquete em homenagem à sua falecida mãe. Foi feita tanta comida que os monges passaram o dia inteiro comendo, bebendo e cantando, e ninguém se lembrou de sair do mosteiro. Quando o dia terminou, o espírito da mãe de Mokuen apareceu para transformada em um ser do 6º Plano Astral. Ela estava iluminada e tão leve que chegava a flutuar.
Ao ver sua mãe iluminada e flutuando como um chouchin (lanterna de papel) ao vento, Mokuen ficou tão feliz que começou a dançar de alegria.
Os monges, que estavam alegres de tanto comer e beber, gostaram da dança de Mokuen e saíram dançando atrás dele, acabando por formar uma grande roda que passou a simbolizar o círculo da felicidade. Assim surgiu o Bon Odori, como dança que faz homenagem ao espírito de pessoas falecidas.
Por Maria Rosa
Principais fontes de pesquisa
• Portal de Turismo Japan Guide
• Livro: Legends of Japan | Author: F. Hadland Davis
• Livro: Japan “Dictionary Culture and Civilization” | Autores: Frederic Louis David and Alvaro Iwang
• Dicionário Shogakukan: Dicionário Universal Japonês-Português | Autor: Jaime Coelho | Editora: Shogakukan
Fonte: http://mundo-nipo.com/cultura-japonesa/datas-festivas/04/08/2013/festival-obon-festival-de-homenagem-aos-mortos/
Nenhum comentário:
Postar um comentário