segunda-feira, 6 de março de 2017

Beatificação do Samurai Takayama Ukon pela Igreja Catolica Reuni mais de 12 mil Fieis no Japão


O samurai Takayama Ukon, nascido em Haibara-cho em Nara, abandonou o estatuto para se dedicar à sua fé cristã e foi exilado para Manila, onde viveu uma vida de santidade até sua morte. Sua causa de canonização começou quando ele foi declarado um Servo de Deus . Relatórios em 2014 indicou que iria ser beatificado em algum momento de 2015. Papa Francisco assinou um decreto no dia 21 de janeiro de 2016 reconhecendo que Ukon poderia ser proclamado Beato.

Diante de 12 mil fiéis a Igreja Católica beatificou no dia 07 de fevereiro de 2017, em Osaka, o samurai Takayama Ukon, um guerreiro do século XVII que foi perseguido e condenado ao exílio por ter se convertido ao catolicismo, uma cerimônia que traz à tona um período sombrio da história japonesa.

O “Samurai de Cristo” foi beatificado na presença do arcebispo de Tóquio, Takeo Okada, e do cardeal Angelo Amato, prefeito da Congregação pela Causa dos Santos, representando o papa Francisco.

Takayama Ukon (1552 — 1615), que abandonou riquezas e posição social para se dedicar a sua fé, se noma aos 395 mártires bem-aventuras e 42 santos japoneses. Batizado aos 12 anos, pouco depois da chegada ao Japão do jesuíta espanhol Francisco Javier, Ukon era um senhor feudal (daimyo) que praticava sua religião sem ser incomodado pelo shoguns (governadores militares) até 1587, ano em que o Japão expulsou os missionários e proibiu o cristianismo.

Takayama, conhecido em todo o Japão, como mestre de cerimônia do chá e nobre guerreiro que esteve ao serviço de Oda Nobunaga primeiro e depois de Toyotomi Hideyoshi. Nascido em 1552, três anos depois que o missionário jesuíta espanhol San Francisco Javier chegou ao Japão, Takayama foi batizado aos doze anos por ordem de seu pai, um senhor feudal que havia se convertido ao cristianismo e lhe deu o nome latino De justo. 

Como "Daimiô" (Senhor feudal), seu progenitor e ele tinham grande poder e o usaram para proteger os missionários católicos que propagavam a palavra de Deus, contribuindo com sua autoridade à evangelização do Japão. Mas no final de 1614, quando o cristianismo foi finalmente proibido no Japão (haviam aproximadamente 250.000 ou 300.000 cristãos no país), ele e outros 300 católicos foram obrigados a sair de seu país para se exilar em Filipinas.

O jesuíta espanhol Pedro Morejón (1562-1634) recebeu em Nagasaki em 1614 para Takayama, que estava a caminho do exílio com sua esposa, filha, cinco netos e numerosos vassalos e servidores, expulsos por serem cristãos. Morejón-o em um retiro espiritual, enquanto se preparava o barco e reunia livros religiosos para ler. Finalmente, em 8 de novembro o navio saiu de Fukuda para Manila. Takayama, que teve que renunciar a sua posição social e suas riquezas, morreria alguns meses depois em Manila, por uma doença contraída ou agravada pela sua viagem de inverno. Pedro Morejón começou então o processo para beatifica-lo, sem saber que o cristianismo seria praticamente exterminado do Japão e proibido durante 250 anos, o que impediria documentar bem sua vida. Mas finalmente conseguiu seu sonho no último mês de fevereiro, mais de quatro séculos depois.

A cerimônia de beatificação foi presidida pelo cardeal do Vaticano Angelo Amato, quem foi organizado pelo ato em nome do Papa Francisco. Na crônica destacam-se as palavras de Yuji Takayama, descendente do samurai beatificado, que destacou que a beatificação lhe fez ver a grandiosidade de Ukon. Takayama. Além disso, na localidade de Toyonocho em Osaka, local de nascimento do samurai, foi elaborado um sake da melhor qualidade, um junmai daiginjo " com o nome de " Ukon. " e o brasão da família no rótulo para comemorar a Beatificação. A iniciativa foi promovida pelo consórcio de turismo da referida localidade.

No Japão do séc. XVI várias transformações poderiam comprometer seriamente a antiga estrutura disciplinar implantada pelos samurais. O causador de tudo isso foram os jesuítas.

O cristianismo no Japão não deu certo e foi colocado à margem da lei em 1612 pelo xogunato Tokugawa. O escritor católico Shusaku Endo, esclarece que “o Japão é um pântano porque absorve toda a sorte de ideologias, transformando-as em si mesmo, e distorcendo-as no processo de faze-lo”, e lamenta “se esse cristianismo fosse menos incorrigivelmente ocidental, as coisas poderiam ter sido diferentes”.

Mas Francisco Xavier achava do Japão, “o país do Oriente mais apropriado ao cristianismo” e criticava os chineses por não demonstrarem interesse algum do que lhes era ensinado. O interesse em catequizar os japoneses foi após o seu encontro casual com o samurai Anjirô em Malaca, na Malásia e admirou-o pela cultura. Ajirô contou a Xavier sobre o Japão. Cronologicamente, Ajirô foi o primeiro cristão japonês, batizado com o nome de Paulo de Santa Fé. Esse encontro aconteceu no mesmo período que teria encalhado nas costas de Satsuma (Kagoshima) – provavelmente no ano de 1542 – um junco de construção siamesa transportando três mercadores portugueses, entre eles Fernando Mendes Pinto a quem foi delegado a descoberta da rota para o Japão.

Quando Francisco Xavier chegou ao Japão, acompanhado de quatro cristãos japoneses encontrou um país arruinado pela Guerra dos Cem Anos, período este, conhecido por Sengoku. Os daimyos (Senhores Feudais) não se entendiam e inclusive, havia lutas entre os monastérios budistas. Lutas estas que iniciaram na metade do século X. As milícias eram formadas por leigos e sôhei – monges da categoria inferior. O governo não tolerava essas intrigas religiosas que consistiam numa ameaça. O cristianismo levado pelos jesuítas recebeu total apoio dos governantes, primeiro Nobunaga Oda e depois Hieyoshi Toyotomi. Houver conversões e construções de igrejas e de seminários.

A unificação do país era o sonho dos governantes e a amizade com os missionários era em parte motivada pelo desejo de comercializar com os navios de Macau sob o controle dos jesuítas. É bom ressaltar que tanto Nobunaga quanto Hideyoshi nutriam uma profunda antipatia ao budismo.

Numa carta de Francisco Xavier ao seu superior Inácio de Loyola, dizia que os missionários deveriam ter conhecimento de vários fenômenos do universo, pois os japoneses ansiavam saber sobre o movimento de corpos pesados, porque acontecia o eclipse solar, a chuva, a neve e os trovões. Esse contato com a cultura ocidental floresceu no Japão um rápido progresso científico totalmente absorvido pela classe dominante, a dos samurais. Os japoneses eram mestres na absorção e na sua imediata adaptação, como o desenvolvimento de uma indústria bélica: pistolas e espingardas.

O relacionamento íntimo entre os jesuítas e o governante Oda era tão cortês, que em 1582, o padre Valignano foi em missão à Roma levando consigo quatro meninos japoneses. Um fato curioso dessa viagem a passagem por Portugal: escravos japoneses pelas ruas de Lisboa. A escravidão japonesa foi proibida mais tarde pelo rei D. José I.
Início das perseguições

Os próprios historiadores não sabem concretamente porque em Julho de 1587, o generalíssimo Hideyoshi acossado de uma ira doentia determinou que os missionários não poderiam permanecer no país. Ele teria afirmado: “decidi”. Houve expulsões e destruição de igrejas, mas o decreto ficou só no papel. Os jesuítas contavam com um forte aliado: os damyos cristãos do sul. A comunidade cristã da época contava com duzentos mil convertidos, cujo número crescia assustadoramente. Hideyoshi desafiava a sua própria ordem e desfilava pelas salas douradas do Palácio de Juraku usando roupas portuguesas e um rosário. Porém a sua fúria foi maior, dez anos depois, não aceitando a provocação de um capitão espanhol que se gabava da grandeza do império espanhol e que devia em parte a ação dos missionários. Hideyoshi mandou executar na cruz 26 cristãos numa noite fria de 1597.

Nesses 70 anos de relacionamento com o cristianismo, o Japão modificou totalmente o sistema de se guerrear: antes era de homem para homem, agora, com a artilharia (lembram-se do filme Ran). Do ocidente, introduziu-se o vidro, o vinho, os óculos, o espelho, o relógio, a lã, a matemática, a geografia, a engenharia, a impressão gráfica, a metalurgia e o latim. O primeiro dicionário japonês/português foi compilado nessa época pelos jesuítas. Em suma, os governantes já estavam satisfeitos e preocupavam-se com o crescimento da influência cristã nos feudos. Boa parte dos príncipes do Sul tinham aderido a nova fé.

O japonólogo Georges Busquet esclarece que “a nova religião tornou-se o laço político dos feudais que lutavam contra o poder central que o Taiko-Sama (governante) e os sucessores se esforçavam por concentrar nas mãos”. Busquet afirma que “o nome cristão tornou-se sinônimo de rebelde… o cristianismo ameaçava criar um Estado dentro do Estado”. Além disso, os jesuítas portugueses se rivalizavam com os franciscanos espanhóis envolvendo questões políticas e pessoais.
A aristocracia cristã

O cristianismo foi acalentado por inúmeras famílias tradicionais. Uma delas foi a de Ukon Takayama, nobre e guerreiro ao serviço de Hideyoshi. Ukon construiu 20 igrejas e converteu 18 mil vassalos. Foi um dos sete discípulos do mestre Rikyu-Nanatetsu, da cerimônia-do-chá e igualmente um notável guerreiro. Quando Hideyoshi proibiu o cristianismo, pela segunda vez, ordenou que Ukon abandonasse sua fé. Ukon recusou. Hideyoshi enviou Rikyu para lhe dar mais uma chance, ao que ukon respondeu: “um verdadeiro samurai nunca muda suas decisões, mesmo que tenha que contrariar o seu Senhor”.

Expulso de suas terras, Ukon refugiou-se no sul do país e serviu ao daimyo Toshiie Maeda e novamente mostrou sua bravura numa batalha contra o clã Hojo, carregando consigo o seu brasão em forma de cruz. Indiretamente servia novamente ao seu antigo Senhor, o suserano Hideyoshi. Na batalha de Sekigahara os daimyos cristãos lutaram ao lado das forças de Hideyoshi, mas acabaram derrotados por Tokugawa.

Com Tokugawa no governo, o fim de Ukon e dos cristãos estava próximo. Ukon com 62 anos foi exilado para Luzon (atual Filipinas) onde faleceu, vítima de malária. Em vida, Ukon influenciou Tama Hosokawa a aderir a fé cristã, batizada com o nome de Gracia. Gracia Hosokawa era uma mulher inteligente e bela. A última resistência cristã aconteceu em Nagasaki, conhecida como a rebelião de Shimabara tendo à frente o samurai Shiro Amakusa.
Fim de um sonho

A inquisição foi instituída em 1640 pelo xogun Iemitsu Tokugawa quando se iniciou uma perseguição aos cristãos. Nos templos budistas cadastravam-se o nome e o endereço de todos os seus fiéis, como uma forma de controle sobre a população. Torturas físicas e psicológicas foram insufladas contra os cristãos. A coação psiclógica era a que mais doía. Os inquisidores criaram o fumiê, que consistia em obrigar os cristãos a calcarem o pé da imagem de Cristo ou da Virgem, apostatando-se de sua fé.

A maior vitória dos inquisidores foi o padre Ferreira apostatar-se e passando para o lado dos seus acólitos entregou os seus antigos companheiros. Três mil mártires foram feitos e outros apostataram-se. No auge do cristianismo no Japão, havia 700 mil adeptos, quase a população atual de japoneses e de seus descendentes no Brasil.

O cristianismo no Japão foi um sonho – ou um pesadelo – que os japoneses não dão muita importância. Fica aqui a inquietação de Endo: “se o cristianismo não fosse tão ocidental…”.
Cronologia dos Cristãos Japoneses
1541 Francisco Xavier chega a Goa – Índia.
1542 Fernão Mendes Pinto desembarca no Japão acompanhados de dois mercadores. São os primeiros europeus a entrar no país.
1549 Francisco Xavier chega ao Japão.
1551 Xavier deixa o Japão.
1573 O general Nobunaga Oda depõe o xogunato Ashigaka e inicia a era Azuchi Momoyama.
1582 Mensageiros japoneses no Vaticano. Oda é traído e morto, assume Hideyoshi Toyotomi.
1587 O cristianismo é proibido, mas fica só no papel.
1590 Volta dos mensageiros ao Vaticano e introdução da imprensa gráfica.
1591 Publicação do “Heike-monogatari” e “doutrina Cristã”.
1593 Os Franciscanos chegam ao Japão e iniciam atrito com os jesuítas.
1596 Nova perseguição aos cristãos.
1597 Martírio dos 26 cristãos.
1598 Morte de Hideyoshi.
1600 Batalha de Sekigahara e derrota dos aliados de Hideyoshi.
1603 Ieyasu inicia o xogunato Tokugawa – a Era Edo.
1609 Início do comércio com a Holanda.
1612 Cristianismo é colocado fora de lei.
1613 Início do comércio com a Inglaterra.
1614 Expulsão de 148 cristãos para Manila e Macau, entre eles se encontrava o fidalgo Ukon Takayama.
1615 Queda do Castelo de Osaka, o último reduto de Hideyoshi.
1616 Morte de Ieyasu.
1623 Morte de Hidetaka e assume Iemitsu. Perseguição e matança aos cristãos que não se converteram.
1638 Revolta de Shimabara e expulsão dos portugueses.
1639 Fechamento dos portos japoneses.
1640 Instituição oficial da Inquisição.
1664 O governo estimula a conversão e o cadastramento dos convertidos nos templos budistas.
1792 Fim da Inquisição.
1873 Reconhecimento do cristianismo.


Poucos sabem que a Igreja Católica tem 26 santos japoneses. E pouquíssimos sabem quem foram eles. Para resgatar uma parte da história e homenagear essas pessoas, todas elas mártires, ou seja, eles perderam a vida por não desistirem da sua fé, levantamos essas informações especialmente para este site.

O missionário espanhol Francisco Xavier chegou ao Japão em 15 de agosto de 1549 e começou a difundir o cristianismo no país. O xógum Toyotomi Hideyoshi, general de guerra e quem mandava no país de fato, sabendo que Filipinas havia se tornado propriedade da Espanha depois que sua população foi catequizada, resolveu proibir, primeiro, a vinda de novos missionários, e depois, a prática do cristianismo no Japão. Logo depois, mandou perseguir aqueles que continuavam praticando a religião contra a sua ordem. E, em 5 de fevereiro de 1597, os 26 religiosos foram executados em Nagasaki, após serem capturados em Kyoto, caminharem a pé até Nagasaki e ficarem crucificados. A população de Nagasaki, de 4 mil pessoas à época, assistiu comovida a execução e o missionário português Luiz Froes escreveu e transmitiu o fato que se propagou pelo mundo. Conheça agora os mártires, e observe que 20 eram japoneses e 6 não:

Quem foram os 26 mártires

1 – Francisco Kishi – Natural de Kyoto, era carpinteiro e havia sido batizado há oito meses. Não havia nada contra ele, mas resolveu acompanhar o grupo de mártires.

2 – Cosme Takeya – Natural de Owari (hoje Aichi), era artesão de espadas. Ele foi batizado por jesuitas e trabalhou na catequização com os franciscanos de Osaka. Tinha 38 anos.

3 – Pedro Sukejiro – Jovem de Kyoto, atendendo ao pedido do padre Organtino, foi ajudar os mártires em seu caminho para Nagasaki, e decidiu ser executado junto com eles.

4 – Miguel Kozaki – Natural de Ise (hoje Mie), era carpinteiro e ajudou a construir conventos franciscanos de Kyoto e Osaka. Era pai de Thomas, morto com ele.

5 – Diego Kisai – Natural de Bizen (Okayama), ingressou oficialmente na Jesus Kai (Companhia de Jesus) no dia do seu martírio. Quando foi atingido pela lança da execução, ele teria dito os nomes de Jesus e Maria. Tinha 64 anos. Obs. Em japonês está escrito “Diego”, mas na tradução para o inglês, esse nome aparece como Jacob ou como James. Como os jesuitas eram portugueses ou espanhóis, “Diego” está correto.

6 – Paulo Miki – Natural de Tsukunomi, Osaka, foi educado em escola de jesuitas de Azuchi (onde fez parte da primeira turma de seminaristas) e de Takatsuki. Ingressou em 1585 na Jesus Kai. Tinha 33 anos.

7 – Paulo Ibaraki – Natural de Owari (Aichi), pertencia a uma família de samurais. Junto com seu irmão Leon Karasumaru, ajudava os pobres e os doentes. Abandonou os privilégios da família e foi ser padre na Francisco Kai (Ordem Franciscana). Tinha 54 anos.

8 – João Goto – Natural das Ilhas Goto (Nagasaki), tinha pais cristãos. Havia estudado em Nagasaki e Shiki (Kumamoto) e era padre. Ingressou na Companhia de Jesus momentos antes de sua morte. Tinha 19 anos.

9 – Luis Ibaraki – Natural de Owari (Aichi), era sobrinho de Paulo Ibaraki e de Leon Karasumaru. Estava em treinamento na Ordem Franciscana para ser padre, e embora não estivesse na lista dos perseguidos, ele próprio pediu para ser levado à morte junto com os demais religiosos. Tinha apenas 12 anos. Obs. Aparece também com o nome de Ludovico (do latim Ludovicus).

10 – Antonio (sobrenome ignorado) – Natural de Nagasaki, de pai chinês e mãe japonesa. Se preparava para ser padre na Jesus Kai quando foi levado para Francisco Kai de Kyoto pelo frei Martino, para estudar junto com outras crianças. Tinha 13 anos.

11 – Pedro Batista – Natural de Sant Esteban del Valle, na Espanha era o Superior da Ordem Franciscana (Francisco Kai). Chegou ao Japão em 1593 como embaixador das Filipinas (ocupadas pela Espanha). Construiu uma igreja e um hospital. Tinha 50 anos.

12 – Martino de la Ascenção – Natural de Guipuzcoa, Espanha. Fazia pouco tempo que Martino estava no Japão. Ele estudava o idioma enquanto trabalhava. Era missionário em Osaka quando foi capturado. Tinha 30 anos.

13 – Filipo de Jesus – Natural do México, era da Ordem Franciscana e seguia a vocação religiosa em seu país. Estava de passagem pelo Japão quando foi capturado. Consta que foi o primeiro a perder a vida dentre os executados. Tinha 24 anos.

14 – Gonzalo Garcia – Português natural de Vasai na Índia. O pai era português e a mãe indiana. Comerciante e catequista em Macau (possessão portuguesa na Índia), foi braço direito de Pedro Batista. Tinha 40 anos.

15 – Francisco Blanco – Natural de Monterrey, Galícia, Espanha. Era franciscano e veio ao Japão com Martino de la Ascenção. Aprendeu japonês em Kyoto e em poucos meses conseguiu ouvir confissões em japonês. Tinha 26 anos.

16 – Francisco de São Miguel – Natural de Valladoid, Espanha, era da Francisco Kai onde ingressou jovem. Chegou ao Japão com Batista, e foi amigo dos pobres e doentes. Tinha 53 anos.

17 – Matias (sobrenome ignorado) – Natural de Kyoto, a casa da sua família ficava perto do convento dos franciscanos. A perseguição aos cristãos começou logo depois que ele foi batizado e ele não estava entre os procurados, mas quando os soldados foram buscar um outro Matias, ele disse: “Eu sou Matias e sou cristão”, para ser preso no lugar do outro.

18 – Leon Karasumaru – Natural de Owari (Aichi), irmão de Paulo Ibaraki, era missionário da Francisco Kai e atuava na igreja e no hospital de Kyoto, onde era chamado de “missionário de Deus”. Tinha 48 anos.

19 – Bonaventura – Natural de Kyoto. Batizado quando criança, ele logo perdeu a mãe e foi enviado a um mosteiro budista. Um dia, ele soube que tinha sido batizado cristão e foi ao Francisco Kai onde estudou religião.

20 – Tomas Kozaki – Nasceu eu Ise. Filho de Miguel Kozaki, auxiliava o padre Martino e aguardava o momento de se tornar missionário. Reencontrou o pai em Kyoto. Deixou uma carta para sua mãe que dizia: “Querida mãe. Agora eu estou escrevendo esta carta com a graça de Deus. Nós todos somos em 24 pessoas e estamos indo para Nagasaki, onde seremos executados. Nos reencontraremos no céu um dia. Mesmo que não haja um padre, se praticou algum delito, se houver um profundo arrependimento, será salva. Eu espero que você cuide dos meus irmãos, e mande lembranças aos meus conhecidos” Dia 19 de janeiro, Castelo de Mihara. Tinha 14 anos.

21 – Joaquim Sakakibara – Natural de Osaka, era estudante de medicina. Se identificou com a pregação dos missionários e foi batizado. Ajudou a construir uma igreja em Osaka e trabalhou para os pobres e doentes. Tinha 40 anos.

22 – Francisco – Natural de Kyoto, era médico e trabalhou com o senhor feudal Sorin Otomo, de quem ganhou um rosário, que ele guardou com muito carinho. Ele foi batizado em Kyoto, participava da Francisco Kai. e ajudava no hospital Jesus. Tinha 46 anos.

23 – Tomas Dangi – Natural de Ise, tinha uma farmácia em Osaka. Foi Leon Karasumaru que o levou ao catolicismo e fez parte da primeira turma de missionários da Francisco Kai. Diziam que ele tinha um grande senso de justiça. Tinha 36 anos.

24 – João Kinuya – Natural de Kyoto, era especialista em tecidos. Foi o irmão cristão que levou João a entender o cristianismo. Teve muito contato com os missionários estrangeiros, se interessou e foi batizado. Tinha 28 anos.

25 – Gabriel – Natural de Ise, foi convertido pelo padre Gonzalo e participava da Francisco Kai, onde passou a ajudar no trabalho junto aos missionários. Ao ver a sua dedicação, seus pais também se converteram cristãos. Tinha 19 anos.

26 – Paulo Suzuki – Natural de Owari, foi batizado aos 13 anos e participava da Francisco Kai e ajudava no hospital São João de Kyoto. Como atuava como intérprete, os missionários estrangeiros o ajudaram a se tornar um missionário. Tinha 49 anos.

Todas essas 26 pessoas foram crucificadas como Cristo e depois alvejadas por flechas. O xógun Hideyoshi queria, com isso, mostrar à população o que acontece com as pessoas que desobedecem às suas ordens e eliminar a possibilidade dos espanhóis virem a tomar o poder no país.

Em 1637, durante o período Edo, começou a revolta dos camponeses, na maioria cristãos, em Nagasaki, e o líder era um garoto católico “predestinado”. Tudo isso levou o cristianismo a ser totalmente proibido no Japão. Entretanto, quando uma missão européia visita o Japão, em 1865, encontra um grupo de “kakure Kuristan”, ou cristãos escondidos. A religião ficou escondida por 250 anos, mas continuou sendo praticada. Mas esses são assuntos para as próximas matérias!

Um comentário:

  1. Meu querido, muito obrigada, muito tocante a história de tais mártires e cristãos. Estou profundamente agradecida por esse post.

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