O sumô é considerado um dos ícones culturais do Japão, mas o esporte nacional do país vinha sendo dominado por lutadores estrangeiros, principalmente da Mongólia, e há 19 anos nenhum japonês havia se tornado “yokozuna” – posição máxima da modalidade. Até que Yutaka Hagiwara, conhecido como Kisenosato no mundo do sumô, ganhou um campeonato no início deste ano e foi promovido a graduação mais alta do esporte milenar.
Kisenosato, de 30 anos, conquistou o título do Grande Torneio de Sumô de Ano Novo. A competição foi realizada entre os dias 8 e 22 de janeiro, em Tóquio, e representa o primeiro dos seis grandes torneios anuais que compõem a “Copa do Imperador” na divisão Makuuchi (primeira divisão do sumô).
Trata-se do primeiro título de Kisenosato no esporte e ocorreu após ter disputado 73 torneios na Makuuchi, principal divisão do sumô. O intento representa a segunda mais demorada conquista de título por um lutador da modalidade.
A fatura do título, aliada aos excelentes desempenhos nos torneios anteriores, foi determinante para que o então ozeki (segunda maior graduação do sumô) fosse promovido ao mais alto posto do esporte pela Nihon Sumo Kyokai (Associação Japonesa do Sumô).
“Aceito o título com humildade”, afirmou ele em uma entrevista coletiva. “Me devotarei à função e tentarei não trazer vergonha ao título de yokozuna”.
O lutador que chega à graduação máxima passa a ser considerado um modelo de comportamento a ser seguido – tendo sempre que demonstrar honra e humildade. Por isso, são criticados publicamente quando cometem alguma atitude repreensível.
Nascido no norte de Tóquio, Kisenosato, de 30 anos, tem 1,87 metro e pesa 178 quilos. Ele entrou para o sumô em 2002 e estreou na primeira divisão do sumô em janeiro de 2004, chegando ao posto de ozeki em janeiro de 2012.
A promoção do lutador japonês ocorre no momento em que o número de praticantes de sumô vem caindo muito no país devido à difícil e regrada rotina de treinos, além de um interesse maior dos jovens pelo futebol, um esporte considerado novo no país quando comparado ao milenar sumô.
Em anos recentes, várias controvérsias e escândalos no nível profissional vieram à tona no mundo do sumô, com um efeito concomitante tanto em sua reputação como nas vendas de ingressos, principalmente após denúncia de manipulação de resultados para beneficiar apostas. Isto também afetou muito a capacidade do esporte de atrair novos praticantes.
Kisenosato se torna o 72º yokozuna. O título, de certo, dá um novo fôlego ao esporte com origem japonesa e que, segundo historiadores, surgiu no Japão junto com o xintoísmo, religião criada antes do budismo e que ganhou força no país durante o século VI.
Yokozuna
A posição de yokozuna tem sido amplamente dominada por lutadores estrangeiros à quase duas décadas. O último japonês a alcançar este seleto e dificílimo posto foi Wakanohana, em 1998.
O posto maior do sumô, único que não é permitido rebaixamento, é um dos mais difíceis de ser atingido entre todos os postos máximos de cada esporte de lutas existente no mundo. Isso porque o sumô tem mais de mil anos de existência e desde o início da era moderna do sumô, que começou após a Primeira Guerra Mundial, em 1908, apenas 72 lutadores conseguiram chegar a esta seleta posição, incluindo Kisenosato.
Para ser promovido a yokozuna de forma automática, o lutador precisa conquistar dois torneios seguidos. O posto também pode ser alcançado caso o lutador vença um torneio e seja vice-campeão (com um mínimo de 13 vitórias) na competição seguinte, ou vice-versa, o que é o caso de Kisenosato, que acumulava cinco vice-campeonatos nos últimos seis torneios.
O primeiro estrangeiro promovido a yokozuna foi Akebono, do Havaí (EUA), em 1993. Depois dele, mais cinco estrangeiros chegaram à posição: um havaiano (Musashimaru, em 1999) e quatro da Mongólia (Asashoryu, Hakuho, Harumafuji e Kakuryu, em 2003, 2007, 2012 e 2014, respectivamente).
O último japonês yokozuna a se aposentar foi Takanohana, em 2003. Ele chegou ao posto em 1994 e conquistou impressionáveis 22 títulos no Makuuchi.
Já o mongol Hakuho é considerado uma “lenda viva” do sumô. Os 37 títulos conquistados por ele na divisão Makuuchi é o mais alto já alcançado por qualquer outro lutador na era moderna do sumô.
Já o yokozuna nascido no Japão que mais conquistou títulos foi Chiyonofuji. O 58º yokozuna foi promovido em 1981 e aposentou-se em 1991, com a invejável marca de 31 títulos na carreira.
Fontes: Agência Kyodo | The Asahi Shimbun | Nihon Sumo Kyokai.
Materia: http://mundo-nipo.com/esportes/28/01/2017/kisenosato-coloca-japao-no-topo-do-sumo-apos-duas-decadas/
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