Nesta década, o planeta assiste estarrecido aos cada vez mais frequentes desastres naturais, que, incontroláveis e muitas vezes imprevisíveis, causam extermínios em massa. A tragédia na Ásia e em parte da África (com cerca de 300 mil mortes), o terremoto devastador no Chile e no Haiti e, mais recentemente, a catástrofe das chuvas na Região Serrana do Rio de Janeiro deixam no ar a questão até então sem resposta: o homem está preparado para viver em um planeta suscetível a tamanhas tragédias naturais? Respostas sempre serão dúbias, sobretudo se observarmos o último caso, passível da maior consternação. O Japão, mesmo sendo um país de primeiro mundo e exportador da mais alta tecnologia, não ficou imune às consequências de tamanho terremoto e da onda de água negra que invadiu e destruiu muitas de suas cidades.
São milhares de imagens e dados chocantes divulgados dia após dia, em ciclo que, infelizmente, parece longe de findar. Em Minamisanriku, são 10 mil desaparecidos, o que representa mais da metade da população da cidade, que antes contava com 17 mil habitantes. Maiores foram os efeitos geomorfológicos registrados. Foram quase 3m de descolamento da crosta terrestre na região em consequência do terremoto, segundo divulgou a Nasa, a agência espacial americana. Ainda segundo o órgão, o abalo sísmico também afetou o eixo de rotação da Terra, alterando-o em 25cm, o que levaria milhares de anos para ocorrer se o fenômeno não tivesse ocorrido de maneira tão abrupta. Essas mudanças, segundo especialistas, não afetarão a rotina da população planetária nem serão perceptíveis. Exorbitantes, mesmo, são os dados de que há 590 mil japoneses entre evacuados e desalojados, segundo a ONU. Os números de mortos e desaparecidos, por sua vez, sobem a cada dia e são contraditórios, mas especialistas estimam as perdas humanas em milhares.
Embora os japoneses mantenham a ordem e uma aparente calma, o medo se alastra, porque os resquícios de radiação chegaram até a capital, Tóquio, tendo sido registrados em até 20 vezes acima dos índices considerados normais. Em Saitama, o índice chegou a ser 40 vezes maior. Tornou-se comum a cena: homens vestidos com trajes brancos hermeticamente seguros, medindo os níveis de radiação da população, em tarefa que dura cerca de um minuto.
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