A imigração japonesa no Brasil começou oficialmente no início do século XX, no ano de 1908. Atualmente, o Brasil abriga a maior população de origem japonesa fora do Japão, com cerca de 1,5 milhão de nikkeis (日系) (termo usado para denominar os japoneses e seus descendentes). Um nipo-brasileiro (em japonês 日系ブラジル人, nikkei burajiru-jin) é um cidadão brasileiro com ascendentes japoneses. Também são consideradas nipo-brasileiras as pessoas nascidas no Japão radicadas no Brasil.
A imigração japonesa no Brasil teve início oficialmente em 18 de junho de 1908, quando o navio Kasato Maru aportou em São Paulo, trazendo 781 lavradores para as fazendas do interior paulista. O fluxo cessou quase que totalmente em 1973, com a vinda do último navio de imigração Nippon Maru, contando-se quase 200 mil japoneses estabelecidos no país.
Atualmente, estima-se que haja mais de um milhão e meio de nipo-brasileiros, cuja maioria reside nos estados de São Paulo e do Paraná. Segundo pesquisa de 2016 publicada pelo IPEA, em um universo de 46.801.772 nomes de brasileiros analisados, 315.925 ou 0,7% deles tinham o único ou o último sobrenome de origem japonesa.
Os descendentes de japoneses chamam-se nikkei, sendo os filhos nissei, os netos sansei, os bisnetos yonsei e assim por diante. Os nipo-brasileiros que foram ao Japão trabalhar a partir do fim dos anos 80 são denominados dekassegui.
O Japão estava superpovoado no início século XX. O país tinha ficado isolado do Mundo durante os 265 anos do período Edo (Xogunato Tokugawa), sem guerras, epidemias trazidas do exterior ou emigração. Com as técnicas agrícolas da época, o Japão produzia apenas o alimento que consumia, sem praticamente formação de estoques para períodos difíceis. Qualquer quebra de safra agrícola causava fome generalizada.
O fim do Xogunato Tokugawa deu espaço para um intenso projeto de modernização e abertura para o exterior durante a era Meiji. Apesar da reforma agrária, a mecanização da agricultura desempregou milhares de camponeses. Outros milhares de pequenos camponeses ficaram endividados ou perderam suas terras por não poderem pagar os altos impostos, que, na era Meiji, passaram a ser cobrados em dinheiro, enquanto antes eram cobrados em espécie (parte da produção agrícola).
No campo, os lavradores que não tinham tido suas terras confiscadas por falta de pagamento de impostos mal conseguiam sustentar a família. Os camponeses sem terra foram para as principais cidades, que ficaram saturadas. As oportunidades de emprego tornaram-se cada vez mais raras, formando uma massa de trabalhadores miseráveis.
A política emigratória colocada em prática pelo governo japonês tinha como principal objetivo aliviar as tensões sociais devido à escassez de terras cultiváveis e endividamento dos trabalhadores rurais, permitindo assim a implementação de projetos de modernização.
A partir da década de 1880, o Japão incentivou a emigração de seus habitantes por meio de contratos com outros governos. Antes do Brasil, já havia emigração de japoneses para os Estados Unidos (principalmente Havaí), Peru e México. No início do século XX, também houve grandes fluxos de emigração japonesa para colonizar os territórios recém-conquistados da Coreia e Taiwan. Somente no Brasil, Estados Unidos e Peru se formaram grandes colônias de descendentes de japoneses. Praticamente todos os imigrantes que formaram grandes colônias na Coreia e Taiwan retornaram ao Japão depois do fim da Segunda Guerra Mundial.
Em abril de 1905, chegou ao Brasil o Ministro Fukashi Sugimura, que visitou diversas localidades no Brasil, sendo bem recebido tanto pelas autoridades locais como pelo povo, parte desse tratamento se deve a vitória japonesa na Guerra Russo-Japonesa, frente ao grande Império Russo. O relatório produzido por Sugimura, onde foi descrito a receptividade dos brasileiros, aumentou o interesse do Japão pelo Brasil. Influenciados por este relatório e também pelas palestras proferidas pelo secretário Kumaichi Horiguchi, começaram a surgir japoneses decididos a viajar individualmente para o Brasil.
Com a expansão das plantações de café, faltava mão-de-obra na zona rural paulista no final do século XIX e no início do século XX. A economia cafeeira foi o grande motor da economia brasileira desde a segunda metade do século XIX até a década de 1920.
A primeira visita oficial para se tentar buscar um acordo diplomático e comercial, com o Japão, ocorreu em 1880. No dia 16 de novembro daquele ano, o vice-almirante Artur Silveira de Mota iniciou, em Tóquio, as conversações para o estabelecimento de um Tratado de Amizade, Comércio e Navegação entre os dois países. Mota foi recebido pelo vice-ministro de Negócios Estrangeiros, Kagenori Ueno. O esforço nesse sentido prosseguiu em 1882, com o ministro plenipotenciário Eduardo Calado, que acompanhou Mota, em 1880. Mas o tratado só seria assinado três anos mais tarde.
O Japão, que só tinha se aberto para o comércio mundial em 1846, até então era considerado muito distante física e politicamente do Brasil. O primeiro Tratado da Amizade, Comércio e Navegação entre Brasil e Japão foi assinado apenas em 5 de novembro de 1895. A assinatura desse tratado marcou o início das relações que persistem até os dias de hoje, com exceção dos anos da Segunda Guerra Mundial.
Além disto, a política de imigração brasileira era executada não só como um meio de colonizar e desenvolver o Brasil, mas também de "civilizar" e "branquear" o país com população europeia. A imigração de asiáticos foi praticamente proibida em 1890. Neste ano, o decreto nº 528 assinado pelo presidente Deodoro da Fonseca e pelo ministro da Agricultura Francisco Glicério determinava que a entrada de imigrantes da África e da Ásia seria permitida apenas com autorização do Congresso Nacional. O mesmo decreto não restringia, até incentivava, a imigração de europeus. Somente em 1892, foi aprovada a lei nº 97 que permitia a entrada de imigrantes chineses e japoneses no Brasil e, assim, o decreto nº 528 de 1890 perdeu seu efeito.
O preconceito contra o recebimento de imigrantes asiáticos era muito forte. Todos os asiáticos eram considerados raças inferiores que prejudicariam o "branqueamento" que ocorria no Brasil com o recebimento de imigrantes europeus. Havia também o medo do "perigo amarelo", isto é, que as grandes populações de orientais se espalhassem étnica e culturalmente pelas Américas. O medo do "perigo amarelo" tinha sido exacerbado pelo expansionismo militarista do império nipônico que, buscando conquistar terras para colonizar, derrotou a China em 1895 e a Rússia, em 1905 (a terceira derrota de um país europeu em frente a um não-europeu nos tempos modernos, a primeira sendo a Invasão Mongol na Europa em 1241, a segunda a Itália perante a Etiópia em 1896). Finalmente, havia o sentimento de que o imigrante japonês era um "quisto inassimilável" devido a seus costumes e religião.
Francisco José de Oliveira Viana, autor do livro clássico "Populações Meridionais do Brasil" (publicado em 1918), e Nina Rodrigues, criador da Medicina Legal no Brasil, foram os grandes ideólogos do "branqueamento" do Brasil. Oliveira Viana propagava o antiniponismo pois considerava que "o japonês [fosse] como enxofre: insolúvel".
Apesar do preconceito, a necessidade de mão-de-obra era muito grande e a vinda de um navio com imigrantes japoneses começou a ser planejada para 1897. Entretanto houve uma crise de superprodução cafeeira nesta época, os preços internacionais desabaram e a vinda de imigrantes foi então desestimulada.
Por volta de 1901, os preços internacionais do café haviam se recuperado e o governo do Brasil voltou a estudar o recebimento de imigrantes japoneses. O encarregado de negócios da primeira missão diplomática brasileira no Japão, Manuel de Oliveira Lima, foi consultado e deu parecer contrário ao projeto de recebimento de imigrantes japoneses. Escreveu então ao Ministério das Relações Exteriores alertando sobre o perigo de o brasileiro se misturar com "raças inferiores".
Em 1902, o governo da Itália proibiu a emigração subsidiada de italianos para o Brasil. As fazendas de café sentiram uma grande falta de trabalhadores com a diminuição da chegada de italianos e o governo brasileiro aceitou o recebimento de imigrantes japoneses. Em 1907, o Brasil criou a "Lei de Imigração e Colonização" que regularizou a entrada de todos imigrantes e acabou definitivamente com as restrições do decreto nº 528 de 1890.
Em 1906, Ryu Mizuno, presidente da Kokoku Shokumin Kaisha (Companhia Imperial de Emigração) visitou o Brasil, acompanhado de Teijiro Suzuki, que pretendia ir ao Peru e no Brasil trabalhou experimentalmente na Fazenda Tibiriçá. Em novembro de 1907, o empresário Ryu Mizuno firmou um acordo com o Estado de São Paulo. O documento foi assinado, em nome do governo do Estado, pelo secretário de Assuntos da Agricultura, Carlos José de Arruda Botelho. Pelo contrato seriam trazidos 3.000 imigrantes japoneses para trabalhar como agricultores. Assim, em 18 de junho de 1908, o navio Kasato Maru aportou no Porto de Santos com os Primeiros Imigrantes japoneses no Brasil.
A partir do fim dos anos 80, ocorreu uma inversão do fluxo migratório entre o Brasil e Japão, pois, com os reflexos da crise econômica da década de 80, além das consequências do Plano Collor e a demanda do Japão por mão-de-obra, fizeram com que, entre 1980 e 1990, cerca de 85 000 japoneses e descendentes residentes no Brasil decidissem tentar a vida no Japão. Os nipo-descendentes e seus cônjuges, com ou sem ascendência japonesa, e seus filhos mestiços ou não, passaram a emigrar para o Japão à procura de melhores oportunidades de trabalho. Estes emigrantes brasileiros são conhecidos como dekasseguis (出稼ぎ), embora a palavra no Japão inclua todos trabalhadores migrantes, até mesmo, japoneses de áreas rurais que vão trabalhar nos grandes centros urbanos.
Em 2008, viviam no Japão cerca de 300.000 brasileiros em condições legais, a grande maioria trabalhando como operários na indústria. As cidades com mais brasileiros são: Hamamatsu, Aichi, Shizuoka, Kanagawa, Saitama e Gunma.
Devido à grave crise financeira enfrentada pelo Japão, nos últimos anos milhares de brasileiros têm retornado ao Brasil. Em 2014, a comunidade brasileira no país havia diminuído para 177.953 pessoas. Os brasileiros no Japão formam a quarta maior comunidade de trabalhadores estrangeiros residentes no país, depois de chineses, coreanos e filipinos
O Museu Histórico da Imigração Japonesa no Brasil fica no bairro da Liberdade no centro da cidade de São Paulo (Brasil), mais precisamente na rua Joaquim 381. Esse possui mais 97 mil peças históricas no acervo, incluindo fotos, filmes e videos, foi inaugurado no 18 junho de 1978 pela Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa para a celebração do 70º aniversário da imigração japonesa no Brasil. A cerimônia de abertura foi prestigiada pelo então príncipe-herdeiro Akihito do Japão e pelo presidente da República Ernesto Geisel. O centanário do museu ocorreu no ano 2008 e foi comemorado também. O museu além de mostrar as famílias japonesas e como elas chegaram no Brasil, retrata a história vivida pelos imigrantes, que vieram para o Brasil em 1895, mostrando as dificuldades, primeiras opiniões sobre o novo ambiente e como estabeleceram seu lugar no país.
O Museu Histórico da Imigração Japonesa fica localizado dentro do edifício Bunkyo e foi construído como parte de comemoração dos 50 anos da imigração japonesa no Brasil pelo príncipe Mikasa. O terreno possui um total de 17.000 m² e o prédio tem um total de 9 andares dentre eles a Secretaria do Bunkyo (localizada no térreo), o Museu de Arte Nipo-Brasileiro (1º andar), escritório e biblioteca do Museu da Imigração Japonesa (3º andar) e do 7º ao 9º andar fica a exposição do Museu Histórico da Imigração Japonesa, no prédio ainda tem uma biblioteca localizada no 3º andar que é voltada para pesquisadores, jornalistas e escritores.
O intuito da Sociedade Brasileira da Cultura Japonesa era fazer o registro de todos os momentos desde as chegada do imigrantes japoneses ao Brasil, registros também sobre a adaptação dos imigrantes até a adaptação também quanto a cultura local e seus adequamentos em relação a isso.
Taisho Shogakko era o dono do terreno aonde tinha uma das mais importantes escolas de ensino da comunidade nipo-brasileira na Cidade de São Paulo, o museu enfrentou muitas dificuldades por conta das proibições governamentais da Segunda Guerra Mundial restringindo o ensino de línguas estrangeiras.
Devido a positiva dimensão que se tomou em relação a sua atuação o local passou a ser chamado de Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa em 1968, em 2006 com a abrangência das atividades foi feita uma mudança no nome da instituição para Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social.
O edifício conta ainda com dois auditórios um com uma capacidade de 1.300 pessoas e outro com capacidade para 100, um ginásio esportivo e mais duas salas para reuniões localizadas no 1º andar.
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