quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Homenagem! 70 Anos após a Bomba Atômica


O mundo lembra hoje uma data importante: o fim da Segunda Guerra mundial, há 70 anos. Em Paris, o secretário de estado americano John Kerry participou das comemorações ao lado do presidente francês François Hollande. Na Inglaterra, teve minuto de silêncio e tiros de canhão.

O presidente da Alemanha Joachimm Gauck visitou um cemitério soviético e agradeceu aos que lutaram para libertar a Alemanha do reino de horror de Hitler.

A Segunda Grande Guerra durou quase seis anos, envolveu todos os continentes do planeta e custou a vida de mais de 60 milhões de pessoas. A maior parte das mortes - 25 milhões - ocorreu na antiga União Soviética, que junto com Grã-Bretanha e Estados Unidos lideraram as forças aliadas.

Do outro lado estavam os agressores do eixo - Alemanha, Itália e Japão - encabeçados pelo ditador nazista Adolf Hitler.

Além dos horrores de uma campanha militar que não poupou civis em nenhum dos lados, a guerra foi marcada pelo holocausto: o assassinato sistemático de cerca de seis milhões de judeus pelos nazistas.

Ao lado dos aliados, o Brasil passou a integrar o conflito em 1942. Cerca de 25 mil soldados da Força Expedicionária Brasileira além de homens da Força Aérea lutaram na Itália.

O fim dos combates comemorado na Europa não significou o fim da Guerra Mundial. O império japonês, que recusava a se render, só capitulou três meses mais tarde, depois que os Estados Unidos lançaram uma bomba atômica sobre Hiroshima e outra sobre Nagasaki.

Cada uma delas matou cerca de 40 mil civis instantaneamente. Mais de cem mil morreram nos dias seguintes, vítimas de queimaduras e radiação nuclear.

A guerra ainda demorou alguns meses para terminar de fato, mesmo depois da morte de Hitler e da rendição da Alemanha nazista, mas esses dois acontecimentos são sem dúvida os marcos históricos do fim do conflito. A notícia foi amplamente divulgada, no mundo todo, e foi comemorado com entusiasmo na Europa, nos Estados Unidos e até mesmo no Brasil, numa narração emocionada do radialista Heron Domingues, do Repórter Esso, um dos principais programas de rádio na época:

O Japão lembra, esta semana, os 70 anos das bombas atômicas lançadas pelos americanos sobre Hiroshima e Nagasaki. Depois desses dois ataques, o Japão se rendeu e a Segunda Guerra Mundial chegou ao fim. Hitler já tinha admitido a derrota alemã.

O dia no Japão foi marcado por muitas lembranças daquele 6 de agosto de 1945. Especialmente em Hiroshima, alvo da primeira bomba nuclear usada na história. Representantes de quase cem países participaram da cerimônia. Nos discursos, os pedidos pelo fim das armas nucleares.

Hiroshima é uma cidade bonita, moderna, e que anda no ritmo dos bondes. Em harmonia, convivem modelos novos com antigos. Um deles, de 1932, rodava durante a guerra e é uma lembrança daquela época, sobreviveu à bomba atômica. Mas acredite: não é nada se comparado ao que viveu a senhora Satoko.

Satoko Sasaguchi tem 83 anos e quando jovem, participou do esforço de guerra que envolvia o Japão. Com 13 anos, fez parte da turma de jovens funcionários que trabalhavam com os bondes.

Ficava de pé, recebendo o pagamento numa cestinha e anunciando as próximas estações com o toque de uma sineta. No dia 6 de agosto, quando a bomba explodiu, ela estava no refeitório da empresa, com o impacto, desmaiou.

Depois, a recordação é da cidade devastada. De corpos espalhados e grande parte da frota de bondes, destruída. Mas apenas três dias depois, ela recebeu a notícia que surpreendeu a todos: os bondes voltariam a circular, e de graça.

O funcionamento do bonde não era simplesmente a recuperação de um meio de transporte. Era a prova de que um pedaço da cidade ainda vivia. “As pessoas estavam abatidas, mas era possível ver esperança quando o bonde passava. A esperança de que Hiroshima iria voltar. O bonde, e a vida, precisavam seguir em frente”.

Há exatos 70 anos, uma bomba atômica destruía grande parte da cidade de Hiroshima, a segunda cidade mais populosa do país em 1945. Ministrado pelos EUA e sob comando do general Douglas McArthur, o ataque contra o Japão deixou mais de 70 mil mortos e outros 70 mil feridos só no primeiro dia do ataque.

Foram três anos e quase US$ 2 bilhões de dólares gastos na produção da bomba atômica que destruiria mais de 90% de Hiroshima. O objetivo dela era claro: acabar de uma vez por todas com a Segunda Guerra — os americanos foram vitoriosos contra os alemães em maio daquele ano, mas a guerra continuou contra o Japão.

A arma foi carregada pelo avião bombardeiro B-29, ou Enola Gay, que lançou a bomba a mais de 9.000 m de Hiroshima. Ela explodiu a pouco mais de meio metro do solo, atingindo uma área de mais de 230 metros de diâmetro e atingindo temperaturas aproximadas a 4.000 °C. Semanas depois, em 2 de setembro, o Japão se rendia ao poder americano e a Segunda Guerra finalmente chegava ao fim.

Com a vitória, o governo americano dominou o Japão, removendo todos os militares de posições de poder, além de abolir o xintoísmo, a religião oficial do país. O imperador Hirohito, entretanto, foi mantido como chefe de Estado, contradizendo “rendição incondicional” que o tratado entre os países mantinha e que ia contra as vontade de líderes da Aliança que queriam julgar Hirohito como um criminoso de guerra. McArthur preferiu mantê-lo no poder, pois a derrota do imperador poderia desestabilizar a ordem social e iniciar uma rebelião do povo que o via como um deus.

O governo americano também implementou políticas opressivas que contradiziam os valores democráticos que eles diziam estar trazendo ao país, como a nova constituição apresentada aos japoneses no início do ano seguinte. O que era tratado como um documento feito pela vontade e desejo do povo japonês, foi na verdade traçado em uma única semana por membros do governo americano — a vontade do povo japonês não foi ouvida e líderes do Japão fizeram apenas revisões ao documento.

O novo documento garantia a liberdade de expressão aos habitantes do Japão, mas estima-se que, de 1945 a 1949, o governo americano monitorou mais de 15 milhões de páginas de jornais, periódicos e livros, além de fotografias, propagandas políticas, outros documentos, rádio, redes de televisão, filmes, cartas, telefone e telégrafos. Entre os tópicos banidos, estavam adoração ao imperador, militarismo e qualquer crítica aos EUA e seus aliados. Os japoneses também foram proibidos de viajar ou se comunicar com qualquer pessoa fora do país — tudo o que eles sabiam sobre o resto do mundo vinha de informações providenciadas pelos EUA.

Com o fim da guerra, os imigrantes japoneses que se instalaram em terras brasileiras anos também sofreram com a vitória americana. Como conta o autor Fernando Morais no livro Corações Sujos, japoneses e descendentes de japoneses tiveram as contas bancárias bloqueadas, ficaram proibidos de exercer o xintoísmo, de ensinar tradições aos mais novos e até mesmo de falar japonês no Brasil.

Enquanto isso, nos EUA, a verdade sobre a bomba em Hiroshima ainda não era conhecida por cidadãos americanos. Líderes do governo e militares divulgavam na mídia campanhas que justificavam o uso da bomba, buscando com isso a aprovação pública para continuar trabalhando no desenvolvimento de armamentos nucleares. O que o ativista A. J. Muste chamou de “uma demonstração da… lógica da atrocidade”, segundo informações da Lapham’s Quarterly.

O governo manteve a mídia longe de Hiroshima, com exceção de algumas poucas histórias, fora da área dizimada, que focavam na reconstrução da cidade, mas não nas vítimas. Como fala aLapham’s Quarterly: “Fotos da explosão se tornaram imagens icônicas do bombardeio atômico — sem representação das milhares de vítimas que morreram e sofreram sob ela”.

Domingo, dia 9, completam-se 70 anos desde que os EUA lançaram uma segunda bomba atômica contra o Japão, desta vez na cidade de Nagasaki. Mais de 40 mil morreram neste ataque. 

Que a catástrofe causada pela irracionalidade humana sirva de exemplo para que isso não ocorra mais. Até hoje, após 70 anos, ainda se notam efeitos desta grande atrocidade. Não basta apenas relembrar. Devemos conscientizar o mundo sobre isso. Estamos à beira de mais uma guerra, e se não forem tomadas providências imediatas, algo pior pode acontecer. Vamos continuar rezando para que o ser humano repense sua forma de existir. 

Confiram uma matéria da TV Brasil sobre as homenagens de hoje. 

Confiram a canção "Sen no Kaze ni Natte". Esta canção fala da saudade dos entes queridos que se foram e que não estão apenas em seus tumulos... estão presentes nos mil ventos da vida... 

Confiram o filme "Hotaru no Haka" (cemiterio de vagalumes). O filme relata a história de dois irmãos, Seita e Setsuko, no período da Segunda Guerra Mundial no Japão. O pai deles é convocado a defender o país na guerra, pois faz parte da marinha japonesa, e a mãe falece em um bombardeio de aviões norte-americanos. A partir daí, o filme mostra a luta pela sobrevivência das duas crianças, em meio à pobreza e miséria que assola o país. Fome, doenças e a falta de generosidade e de sensibilidade dos adultos faz deste percurso um dos filmes mais bonitos e comoventes sobre o trágico quadro gerado pela guerra.

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