quinta-feira, 28 de abril de 2016

Ganbare Kumamoto! Ganbare Nihon! Novas Ameaças Naturais


Um teremoto de M3.6 foi registrado às 12h56 em Kumamoto hoje, dia 28/04. O tremor alcançou 4 graus na escala japonesa na cidade de Uki, na província de Kumamoto. Não houve aviso de tsunami. O terremoto teve como epicentro a região de Kumamoto, com profundidade de 10 quilômetros.

Um teremoto de M4.7 foi registrado às 15h30 em Kumamoto também hoje. O tremor alcançou 4 graus na escala japonesa no distrito Nishi, em Kumamoto. O terremoto teve como epicentro o Mar Ariake, entre as províncias de Fukuoka, Saga, Nagasaki e Kumamoto, com profundidade de 10 quilômetros.

Além dos tremores de terra, uma frente fria que se desloca sobre o Japão deve provocar neve entre os dias 29 e 30, no norte de Gunma e Nagano e nas regiões mais elevadas de Chubu. A neve pode acumular em alguns locais. As estradas de regiões mais frias podem congelar, e com restrições para os motoristas usarem pneu de neve. Quem for pegar a estrada deve consultar a previsão do tempo antes de sair de casa.

Previsão do acúmulo de neve (até às 18h do dia 29)
10 cm: norte e regiões montanhosas de Nagano
5 cm: parte central de Nagano, incluindo Matsumoto e Ueda

Cinco anos após o terremoto de 9.0 graus que provocou um tsunami e deixou mais de 15 mil mortos no nordeste do Japão, uma série de fortes tremores registrada desde o último dia 14 no sudoeste do país reacendeu temores de que uma tragédia como a de 2011 possa se repetir em breve.

Os dois abalos sísmicos mais fortes da semana passada, de 6,5 e 7,3 graus, deixaram até agora 42 mortos na província de Kumamoto. Além disso, perto de 250 mil pessoas foram obrigadas a deixar suas casas por causa do risco de desabamento em consequência da série de réplicas.

Mais de 600 tremores foram registrados até agora na região e a terra continua se mexendo. Esses números são impressionantes, pois representam quase metade dos terremotos registrados anualmente no país.

O Japão está localizado sobre três placas tectônicas: Eurasiana, das Filipinas e do Pacífico. Cada uma delas foi formada a partir de "colagens" de placas mais antigas e, por isso, sua formação é cheia de irregularidades, chamadas de falhas. O terremoto ocorre justamente quando essas falhas se "acomodam".

O medo, segundo tem divulgado a mídia japonesa, é de que esses fortes tremores na região sudoeste desencadeiem o assentamento de outras falhas e vire um efeito dominó, subindo pelo arquipélago."Em ambas extremidades da falha é possível que haja deformação por causa da sua movimentação inicial concentrada, o que acaba incentivando outras falhas próximas a se movimentarem", explicou à BBC Brasil o pesquisador e professor de sismologia Naoshi Hirata, do Instituto de Pesquisas de Terremotos da Universidade de Tóquio.

Para alguns cientistas, os recentes terremotos em Kumamoto podem estar ligados a uma falha geológica que se prolonga através do arquipélago.

Um relatório assinado por especialistas da Universidade de Kyoto e divulgado pela imprensa diz que que fortes terremotos poderiam ocorrer em torno de uma grande falha que se estende do sudoeste do país até próximo à Tóquio.Os especialistas acreditam que os novos tremores sejam um sinal dessa movimentação. Os últimos tremores foram registrados em uma área que abrange três províncias ao norte de Kumamoto e partes da região mais central do país.

Porém, para Hirata, esses abalos sísmicos intensos no sudoeste do Japão não devem desencadear os temidos e fortes terremotos esperados para as regiões mais próximas da capital japonesa. "São áreas muito distantes de Kumamoto", lembra.

Mesmo assim, para os pesquisadores, estes fenômenos naturais de grande proporção não estão longe de acontecer.

Segundo estimativas da Universidade de Tóquio, existe 98% de possibilidade de que nos próximos 30 anos aconteça o que eles chamam de Grande Terremoto de Kanto, em uma área onde se encontra a capital japonesa.

O último terremoto forte nesta região foi registrado em 1923 e teve uma magnitude de 7,8 graus. Na época, mais de 140 mil pessoas morreram. Já os cálculos da Agência de Meteorologia do Japão é de que essa probabilidade seja de 70%.
Alerta

Por causa do grande destaque na mídia à possibilidade de um aumento nas fortes atividades sísmicas no país, o Consulado do Brasil em Tóquio divulgou um alerta para os brasileiros que vivem no país – hoje são cerca de 200 mil brasileiros.

"Tendo em vista que os dois fortes terremotos da semana passada podem representar o início de outros tremores, tomamos a iniciativa de avisar os brasileiros para que eles estejam preparados, tenham mais informação e possam localizar facilmente os abrigos", explicou Marco Farani, cônsul-geral do Brasil em Tóquio.

Para o diplomata, a divulgação do alerta é uma obrigação do consulado. "Nosso objetivo é fazer com que os brasileiros estejam alertas e que tomem as providências para se proteger", justificou.

Arnaldo Caiche D'Oliveira, cônsul-geral do Brasil em Nagoia, região que concentra a maior parte dos brasileiros no Japão, também tem se preocupado em informar os brasileiros e garantiu que existe um plano bem detalhado de ação e assistência em caso de desastres de grandes proporções.

Para que tudo ocorra como o planejado, os funcionários dos três consulados brasileiros existentes no Japão passam por treinamentos regulares. "O objetivo de aperfeiçoar a capacidade de resposta do consulado a um desastre", explicou o cônsul.

Apesar das previsões nada otimistas, o professor Hirata lembra que o Japão é um país bastante preparado para fortes terremotos. As normas de segurança para construções melhoraram depois de 1995, ano em que um forte tremor em Kobe matou mais de 6.400 pessoas, muitas das quais morreram por causa do desabamento de edifícios.

"O código de construção atual é resultado de muitas experiências de grandes desastres sísmicos do passado. Casas e edifícios construídos depois de 1981 entram no chamado novo código de construção, o que garante uma certa segurança", explicou o pesquisador japonês. No entanto, ele lembra que ainda há cerca de 20% de construções que não são nem um pouco resistentes a fortes tremores ou que possuem estruturas que podem causar facilmente incêndios.


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