terça-feira, 3 de setembro de 2013

Curiosidades! Origem da Bandeira do Japão Parte 02


Quando o Hinomaru foi primeiramente introduzido, o governo pediu aos cidadãos que reverenciassem o Imperador com a bandeira. Havia um pouco de ressentimento entre os japoneses sobre a bandeira, resultando em alguns protestos. Levou algum tempo para a bandeira ganhar a aceitação do povo.

Durante a Segunda Guerra Mundial, era um costume popular entre amigos, colegas e parentes de um soldado em partida presenteá-lo com um Hinomaru. A bandeira também era usada como símbolo de boa sorte e um amuleto para desejar ao soldado o retorno seguro da batalha. Um termo para esse tipo de amuleto é Hinomaru Yosegaki (日の丸寄せ書き). Uma tradição é que nenhum escrito deve tocar o disco solar. Depois de batalhas, essas bandeiras eram frequentemente capturadas ou encontradas sobre soldados japoneses mortos. Enquanto essas bandeiras se tornavam souvenires, houve o costume de enviar as bandeiras de volta aos descendentes do soldado.

A tradição de usar o Hinomaru como um amuleto de boa sorte ainda continua, mas de forma limitada. O Hinomaru Yosegaki podia ser exibido em eventos esportivos para apoiar o time nacional do Japão. Outro exemplo é a bandana hachimaki, que é branca e tem o sol vermelho no meio. Durante a Segunda Guerra, as frases "Vitória Certa"(必勝, Hisshou) ou "Sete Vidas" eram escritas nos hachimaki usados por pilotos kamikaze. Isso denotava que o piloto queria morrer pelo seu país.

Antes da guerra, pedia-se que todas as casas tremulassem o Hinomaru em feriados nacionais. Desde a guerra, o hasteamento da bandeira do Japão está praticamente limitado a prédios ligados aos governos locais e nacional, como prefeituras; é raramente vista em residências privadas e estabelecimentos comerciais, mas algumas pessoas e empresas exibem a bandeira em feriados. Apesar de o governo japonês encorajar cidadãos e residentes a tremular o Hinomaru durante feriados nacionais, não existe dever legal. No 80º aniversário do Imperador, em 23 de dezembro de 2002, a Kyushu Railway Company hasteou o Hinomaru em 330 estações. Segundo votações conduzidas pela mídia, a maioria dos japoneses via a bandeira do Japão como a bandeira nacional mesmo antes da passagem da Lei Sobre a Bandeira e o Hino Nacional em 1999. A despeito disso, controvérsias sobre o uso da bandeira em eventos escolares ou na mídia ainda acontecem. Por exemplo, jornais liberais como o Asahi Shimbun e o Mainichi Shimbun frequentemente publicam artigos criticando a bandeira do Japão, refletindo o espectro político dos seus leitores.

A exibição do Hinomaru em casas e negócios é também discutida na sociedade japonesa. Por causa da associação do Hinomaru com ativistas uyoku dantai (extrema-direita), políticos reacionários ou hooliganismo, algumas casas e empresas não hasteiam a bandeira. Para outros japoneses, a bandeira representa o tempo em que a democracia foi suprimida quando o Japão era um império.

Percepções negativas do Hinomaru existem em antigas colônias do Japão, assim como no próprio Japão, como em Okinawa. Em um exemplo notável, em 26 de outubro de 1987, o dono de um supermercado de Okinawa queimou o Hinomaru antes do começo do Festival Nacional de Esportes do Japão. Chibana Shôichi queimou o Hinomaru não apenas para demonstrar oposição às atrocidades do exército japonês e à presença das forças dos EUA, mas também para ele não ser exibido em público. Outros incidentes em Okinawa a bandeira sendo rasgada em cerimônias escolares e estudantes se recusando a reverenciar a bandeira sendo hasteada ao som do Kimigayo. Na República Popular da China e na Coreia do Sul, que foram ocupados pelo Império do Japão, bandeiras japonesas foram queimadas em protestos contra a política externa do Japão ou se um primeiro-ministro japonês visitasse o Santuário Yasukuni em Tóquio, em honra aos japoneses mortos na guerra, que incluem catorze criminosos de guerra classe A. Sob essa bandeira, os soldados japoneses cometeram vários crimes que resultaram em várias mortes em países ocupados. As leis japonesas permitem a queimadura do Hinomaru, mas bandeiras estrangeiras não podem ser queimadas no Japão. De acordo com o protocolo, a bandeira pode tremular do nascer ao pôr do sol; empresas e escolas podem hastear a bandeira da abertura ao fechamento. Ao hastear a bandeira do Japão e de outro país ao mesmo tempo, a bandeira do Japão toma a posição de honra e a bandeira do outro país ficam à direita. As duas bandeiras devem estar na mesma altura e ter o mesmo tamanho. Quando mais de uma bandeira estrangeira é hasteada, a Bandeira do Japão é alocada na ordem alfabética prescrita pelas Nações Unidas. Quando a bandeira se torna imprópria para uso, costuma ser queimada em âmbito privado. A Lei sobre a Bandeira e o Hino Nacional não especifica como a bandeira deve ser utilizada, mas cada prefeitura tem seus próprios regulamentos sobre o uso do Hinomaru e outras bandeiras das prefeituras.

A bandeira Hinomaru tem pelo menos dois estilos para luto. Um consiste em hastear a bandeira a meio-mastro (半旗, Han-ki), como é prática em diversos países. Os escritórios do Ministério das Relações Exteriores içam a bandeira a meio-mastro durante funerais de chefes de Estado estrangeiros. Um estilo alternativo de luto é cobrir o florão da esfera com roupas pretas e colocar uma tarja preta acima da bandeira, conhecida como "bandeira de luto" (弔旗, Chō-ki). Esse estilo remete a 30 de julho de 1912, quando o Imperador Meiji faleceu e o Gabinete publicou uma ordem estipulando que a bandeira nacional deveria ser hasteada de luto quando morre o Imperador. O Gabinete possui a autoridade de anunciar o hasteamento a meio-mastro da bandeira. Desde o final da Segunda Guerra Mundial, o Ministério da Educação publicou estatutos e regulamentos para promover o uso do Hinomaru e do Kimigayo nas escolas sob sua jurisdição. O primeiro desses estatutos foi publicado em 1950, afirmando ser desejável, mas não obrigatório, usar os dois símbolos. Esse desejo foi depois expandido para incluir os dois símbolos em feriados nacionais e durante eventos cerimoniais para inculcar nos estudantes o que representam os feriados nacionais e para promover a defesa da educação. Numa reforma das diretrizes educacionais em 1989, o governo, comandando pelo LDP, demandou que a bandeira deveria ser utilizada em cerimônias escolares e o devido respeito deveria ser atribuído à bandeira e ao Kimigayo. Punições para diretores de escolas que não seguissem a ordem também estavam elencadas na reforma.

A Orientação de Currículo de 1999 publicada pelo Ministério da Educação após a aprovação da Lei sobre a Bandeira e o Hino Nacional decretou que "em cerimônias de ingresso e de graduação, as escolas devem hastear a bandeira do Japão e instruir os estudantes a cantar o "Kimigayo" (hino nacional), dado o significado da bandeira e da canção."Adicionalmente, o comentário do ministério sobre a diretriz de currículo de 1999 para escolas primárias afirma que "dado o avanço da internacionalização, para fomentar o patriotismo e a consciência de ser japonês, é importante inculcar nas crianças uma atitude respeitosa diante da bandeira do Japão e do Kimigayo para crescerem como cidadãos japoneses respeitáveis em uma sociedade internacionalizada."O ministério também atestou que se os estudantes japoneses não fossem capazes de respeitar seus próprios símbolos, então não seriam capazes de respeitar os símbolos das demais nações."

As escolas têm sido o centro de controvérsias sobre o hino e a bandeira nacional. A Secretaria da Educação de Tóquio demanda o uso da bandeira e do hino em eventos sob sua jurisdição. A ordem determina que os professores das escolas devem respeitar os símbolos nacionais, sob o risco de perder o emprego. Alguns protestaram, alegando que as regras contrariavam a Constituição do Japão, mas a Secretaria argumentou que uma vez que escolas são agências do governo, seus empregados têm a obrigação de ensinar seus estudantes como serem bons japoneses. Como sinal de protesto, algumas escolas se recusaram a hastear o Hinomaru em graduações escolares e alguns pais rasgaram a bandeira. Professores tentaram sem sucesso fazer queixas criminais contra o governador de Tóquio,Shintarō Ishihara , e oficiais superiores por obrigarem os professores a honrar o Hinomaru e o Kimigayo. Depois dessa oposição inicial, a União dos Professores do Japão aceitou o uso da bandeira e do hino nacional; a menor União de Todos os Professores e Funcionários do Japão ainda se opõe ao uso dos símbolos no sistema escolar.


Bandeiras relacionadas

Forças Armadas
As Forças de Autodefesa do Japão (JSDF) e a Força Terrestre de Autodefesa do Japão usam uma versão do disco solar com oito raios vermelhos saindo do disco central, chamada Hachijō-Kyokujitsuki (八条旭日旗). Há uma borda dourada parcialmente em volta dos cantos.

Uma variante bem conhecida do disco solar é o disco solar com 16 raios em uma formação Siemens star, usada historicamente pelas Forças Armadas do Japão, particularmente a Marinha Imperial do Japão. A bandeira, conhecida em japonês como Kyokujitsu-ki (旭日旗), foi adotada pela primeira vez como bandeira naval em 7 de outubro de 1889, e foi usada até o final da Segunda Guerra Mundial em 1945. Foi re-adotada em 30 de junho de 1954, e hoje é usada como bandeira naval da Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF). Nos países asiáticos vizinhos que foram ocupados pelo Japão, essa bandeira ainda carrega uma conotação negativa. A JMSDF também usa um galhardete. Adotada pela primeira vez em 1914 e re-adotada em 1965, a bandeirola contém uma versão simplificada da bandeira naval no final do mastro, com o resto da bandeirola de cor branca. 

A Força Aérea de Autodefesa do Japão (JASDF), estabelecida independentemente em 1952, tem apenas o disco solar como seu emblema. Esse é o único ramo com um emblema que não invoca os raios solares do padrão imperial. Entretanto, há uma bandeira para uso em bases e em paradas. A bandeira foi criada em 1972, sendo a terceira usada pela JASDF desde sua criação. A bandeira contém a insígnia da JASDF em um fundo azul.

Apesar de não ser uma bandeira nacional oficial, a bandeira de sinal Z teve um grande papel na história naval do Japão. Em 27 de maio de 1905, o almirante Heihachirō Tōgō do Mikasa se preparava para engajar contra a Frota Báltica russa. Antes do começo da Batalha de Tsushima, Togo hasteou a bandeira Z no Mikasa e enfrentou a frota russa, vencendo a batalha para o Japão. No hasteamento da bandeira disse o seguinte à tripulação: "O destino do Japão Imperial depende dessa batalha; todas as mãos devem se esforçar e fazer seu melhor." A bandeira Z também foi hasteada no porta-aviões Akagi na véspera do ataque japonês a Pearl Harbor, Havaí, em dezembro de 1941.



Bandeira das JSDF (八条旭日旗) 



Bandeira Naval (旭日旗) 



Bandeira da JASDF



Roundel da JASDF 
Imperial

Começando em 1870, bandeiras foram criadas para o Imperador (então o Imperador Meiji), a Imperatriz e outros membros da família imperial. Primeiramente, a bandeira do imperador era ornada com um sol no centro de um modelo artístico. Ele tinha bandeiras usadas na terra, no mar e para quando estivesse em uma carruagem. A família imperial também recebeu bandeiras para serem usadas no mar ou na terra (uma para uso a pé e outra para uso em carruagens). As bandeiras da carruagem eram um crisântemo monocromático, com 16 pétalas, no centro de um fundo monocromático. Essas bandeiras foram descartadas em 1889 quando o Imperador decidiu usar o crisântemo em um fundo vermelho como sua bandeira. Com pequenas mudanças nas sombras das cores e nas proporções, as bandeiras adotadas em 1889 ainda estão em uso pela família imperial.

A bandeira do atual imperador é um crisântemo de 16 pétalas, coloridas em ouro, no centro de um fundo vermelho com uma razão 2:3. A Imperatriz usa a mesma bandeira, exceto pela forma de uma cauda de andorinha. O príncipe e a princesa usam a mesma bandeira, exceto por um crisântemo menor e uma borda branca no meio das bandeiras. O crisântemo está associado ao trono imperial desde o governo do Imperador Go-Toba no século XII, mas não era exclusivo do símbolo do trono imperial até 1868.

                                                      O estandarte do imperador do Japão.

Cada uma das 47 prefeituras do Japão tem uma bandeira baseada na bandeira nacional na medida em que consistindo de um símbolo, mon, em um campo monocromático (com a exceção de Ehime, que usa um símbolo num fundo bicolor). Há algumas bandeiras de prefeituras, como a de Hiroshima, que coincidem suas características com a da bandeira nacional. Alguns mon colocam o nome da prefeitura em caracteres japoneses; outras são pinturas estilizadas do lugar ou alguma outra característica especial da prefeitura. Um exemplo é a bandeira da prefeitura de Nagano, em que um caractere katakana laranja ナ (na) aparece no centro de um disco branco. Uma interpretação do mon é que o símbolo representa uma montanha e o disco branco, um lago. A cor laranja representa o sol, enquanto o branco representa a neve da região.

Municípios também podem adotar suas próprias bandeiras. O design é parecido com os das bandeiras das prefeituras: um mon num fundo monocromático. Um exemplo é a bandeira de Amakusa, na prefeitura de Kumamoto: o símbolo da cidade é composto pelo caractere katakana ア (a) cercado por ondas. Tanto o emblema como a bandeira da cidade foram adotados em 2006.

Bandeiras de organizações e corporações e bandeiras estrangeiras

Além das bandeiras usadas pelas Forças Armadas, algumas outras bandeiras foram inspirada na bandeira nacional. A antiga bandeira do Japan Post consistia no Hinomaru com uma barra horizontal vermelha no centro da bandeira. Também tinha um fino anel branco em volta do sol vermelho. Foi depois substituída por uma bandeira que consiste no 〒 em vermelho com um fundo branco.

Duas bandeiras nacionais criadas recentemente se assemelham à bandeira do Japão. Em 1971, Bangladesh conseguiu a independência do Paquistão e adotou uma bandeira nacional com um fundo verde, acompanhado de um disco vermelho fora do centro que contém um mapa dourado do Bangladesh. A bandeira atual, adotada em 1972, retirou o mapa dourado e manteve o restante. O governo do Bangladesh oficialmente considera o disco vermelho um círculo; a cor vermelha simboliza o sangue derramado para criar o país. A nação insular de Palau usa uma bandeira com um design similar, mas o esquema de cores é totalmente diferente. Apesar do governo de Palau não citar os japoneses como influência em sua bandeira nacional, o Japão administrou Palau de 1914 até 1944. A bandeira de Palau é uma lua cheia dourada não localizada no centro, com um fundo azul celeste. A lua representa a paz e uma nação nova enquanto o fundo azul celeste representa a transição de Palau para um governo próprio entre 1981 e 1994, quando foi obtida a independência total.

A bandeira naval do Japão também influenciou o design de outras bandeiras. Um design assim é usado pela bandeira do Asahi Shimbun. No fundo da bandeira, um quarto do sol é exibido. O caractere kanji 朝 aparece na bandeira, branco, cobrindo a maior parte do sol. Os raios partem do sol, em uma ordem alternante de vermelho e branco, culminando em 13 linhas no total. A bandeira é comumente vista no campeonato nacional de beisebol escolar, pois o Asahi Shimbun é o principal patrocinador do torneio. As bandeiras e insígnias de ranking da Marinha Imperial do Japão também se baseiam na bandeira naval.

Com Isso encerramos este pequeno histórico sobre o HINOMARU,  a bandeira do Japão. 


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