A bandeira do Japão tem um formato retangular branco com um grande disco vermelho (representando o sol) no centro, e é oficialmente denominada Nisshōki (日章旗, "bandeira do sol") em japonês, embora seja mais comumente conhecida como Hinomaru (日の丸, "disco solar").
A bandeira Nisshōki é designada como a bandeira nacional na Lei sobre a Bandeira e o Hino Nacional, que foi promulgada e se tornou oficial em 13 de agosto de 1999. Apesar de nenhuma legislação anterior ter especificado uma bandeira nacional, o disco solar já era adotada como a bandeira do Japão. Duas proclamações foram publicadas em 1870 pelo Daijō-kan, o corpo de governo do início da era Meiji, cada uma com uma providência para a criação da bandeira nacional. Uma bandeira com um disco solar foi adotada como bandeira nacional por navios mercantes sob a Proclamação Nº57 de Meiji 3 (publicada em 27 de fevereiro de 1870), e como bandeira nacional usada pela Marinha sob a Proclamação Nº651 de Meiji 3 (publicada em 27 de outubro de 1870). O uso do Hinomaru foi severamente restringido durante os primeiros anos da ocupação estadunidense após a Segunda Guerra Mundial, ainda que relaxando essas restrições mais tarde.
No começo da história do Japão, o Hinomaru foi utilizado nas bandeiras dos daimyos e samurais. Durante a Restauração Meiji, tanto o disco solar como a Bandeira do Sol Nascente da Marinha Imperial do Japão se tornaram símbolos maiores no emergente Império do Japão. Pôsteres de propaganda, textos e filmes mostravam a bandeira como uma fonte de orgulho e patriotismo. Nas casas japonesas, pedia-se que os cidadãos hasteassem a bandeira durante feriados nacionais, celebrações e outras ocasiões como decretado pelo governo. Diferentes sinais de devoção ao Japão e seu imperador sob o Hinomaru se tornaram populares durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa e outros conflitos. Esses símbolos surgiram de slogans escritos na bandeira para roupas e pratos que carregavam a bandeira.
Antes de 1990
Uma das bandeiras mais antigas do Japão está no templo Unpo-ji, na prefeitura de Yamanashi. Segundo a lenda, foi dada pelo Imperador Reizei a Minamoto no Yoshimitsu e foi tratada como um tesouro familiar pelo clã Takeda por mil anos, mas a verossimilhança histórica desse relato é questionável.
Em 1854, durante o xogunato Tokugawa, os navios japoneses tinham o dever de hastear o Hinomaru para se distinguir de navios estrangeiros. Além disso, diferentes tipos de bandeiras Hinomaru eram utilizadas em embarcações que faziam comércio com os americanos e os russos. O Hinomaru foi decretado como bandeira mercantil do Japão em 1870 e foi a bandeira nacional legal de 1870 a 1885, sendo a primeira bandeira nacional adotada pelo Japão.
Enquanto a ideia de símbolos nacionais era estranha aos japoneses, o Governo Meiji precisava deles para se comunicar com o mundo exterior. Isso se tornou essencialmente importante depois da chegada do comodoro americano Matthew Perry na Baía de Yokohama. Implementações posteriores do Governo Meiji deram mais identificações ao Japão, incluindo o hino Kimigayo e o selo imperial. Em 1885, todas as leis anteriores não publicadas no Diário Oficial do Japão foram abolidas. Por causa dessa ordem do novo gabinete do Japão, o Hinomaru era a bandeira nacional de fato uma vez que não restou nenhuma lei sobre a bandeira nacional.
Primeiros conflitos e a Guerra do Pacífico
A bandeira foi uma ferramenta do imperialismo japonês no sudeste asiático ocupado durante a Segunda Guerra Mundial: as pessoas tinham de usar a bandeira, e as crianças nas escolas cantavam o Kimigayo de manhã em cerimônias de hasteamento da bandeira. Bandeiras locais eram permitidas em algumas áreas, como as Filipinas, a Indonésia e Manchukuo. Em certas colônias, como a Coreia, o Hinomaru e outros símbolos eram usados para relegar os coreanos à segunda classe do império.
Para os japoneses, o Hinomaru era o "Sol Nascente que iluminaria a escuridão do mundo inteiro". Para os ocidentais, era um dos símbolos mais poderosos do exército japonês.
Ocupação dos Estados Unidos
Durante a ocupação do Japão após a guerra, permissão do Comandante Supremo das Forças Aliadas (SCAPJ em inglês) era necessária para hastear o Hinomaru. As fontes divergem no grau de restrição do uso do Hinomaru; algumas usam o termo “banido”; todavia, apesar das restrições originais terem sido severas, elas não chegavam a um banimento indiscutível.
Depois da guerra, uma bandeira era usada por navios civis japoneses da Autoridade de Controle Naval dos Estados Unidos para Navios Mercantes Japoneses. Modificada do código sinal "E", a bandeira foi usada de setembro de 1945 até a cessação da ocupação dos EUA no Japão. Navios norte-americanos em águas japonesas usavam uma bandeira com um sinal "O" modificado como bandeira.
Em 2 de maio de 1947, o general Douglas MacArthur aboliu as restrições ao hasteamento do Hinomaru na entrada do prédio da Dieta Nacional, no Palácio Imperial de Tóquio, na residência do primeiro-ministro e no prédio da Suprema Corte com a ratificação da nova Constituição do Japão. Essas restrições foram depois relaxadas em 1948, quando o povo foi autorizado a tremular a bandeira em feriados nacionais. Em janeiro de 1949, as restrições foram abolidas e qualquer um poderia hastear o Hinomaru a qualquer tempo sem permissão. Como resultado, as escolas e casa foram estimuladas a tremular o Hinomaru até o começo dos anos 1950.
Pós-guerra até 1999
Desde a Segunda Guerra, a bandeira do Japão foi criticada pela associação ao passado militarista do país. Objeções similares foram feitas ao hino nacional japonês, Kimigayo. Os sentimentos sobre o Hinomaru e o Kimigayo representaram o deslocamento de um sentimento patriótico do "Dai Nippon" – Grande Japão – ao pacifista e antimilitarista "Nihon". Por causa dessa mudança ideológica, a bandeira foi usada com menos frequência no Japão diretamente após a guerra mesmo com o fim das restrições do SCAPJ em 1949.
Uma questão envolvendo o Hinomaru e o hino nacional foi levantada novamente quando Tóquio sediou os Jogos de 1964. Antes das Olimpíadas, o tamanho do disco solar da bandeira foi alterado parcialmente por considerarem que o disco não ocupava uma posição destacada quando hasteado com as outras bandeiras nacionais. Tadamasa Fukiura, um especialista em cores, decidiu deixar o disco solar com dois terços do tamanho da bandeira. Fukiura escolheu as cores da bandeira tanto em 1964 como nos Jogos Olímpicos de Inverno de 1998 em Nagano.
Em 1989, a morte do Imperador Showa novamente trouxe questões morais sobre a bandeira. Conservadores sentiam que se a bandeira podia ser usada em cerimônias sem abrir velhas feridas, eles poderiam ter uma chance de propor que o Hinomaru se tornasse a bandeira nacional de direito sem nenhum problema sobre seus significados. Durante um período de luto oficial de seis dias, bandeiras tremularam a meio mastro ou cobertas por tarjas pretas em todo o Japão. Apesar de relatos de manifestantes vandalizando o Hinomaru no dia do funeral do Imperador Showa o direito das escolas empunharem o Hinomaru a meio-mastro sem reservas trouxe sucesso aos conservadores.
Desde 1999
A Lei Sobre a Bandeira e o Hino Nacional como está no Diário Oficial em 15 de agosto de 1999.
A Lei sobre a Bandeira e o Hino Nacional foi passada em 1999, escolhendo o Hinomaru e o Kimigayo como símbolos nacionais do Japão. A aprovação da lei foi motivada pelo suicídio do diretor de uma escola em Hiroshima que não conseguira resolver uma disputa entre seu conselho escolar e seus professores sobre o uso do Hinomaru e do Kimigayo.
O primeiro-ministro Keizō Obuchi do Partido Liberal Democrata (LDP) decidiu esboçar uma legislação para fazer o Hinomaru e o Kimigayo símbolos oficiais do Japão em 2000. Seu Secretário Geral do Gabinete, Hiromu Nonaka, queria a legislação completada no 10º aniversário da coroação de Akihito como Imperador.
Os principais apoiadores dessa lei eram o LDP e o Komeito (CGP), enquanto a oposição incluía o Partido Social Democrata (SDPJ) e o Partido Comunista (CPJ), que alegaram conotações dos símbolos com a guerra. O CPJ era o mais oposto por não querer que o assunto fosse decidido pelo povo. Enquanto isso, o Partido Democrático do Japão (DPJ) não obteve consenso partidário sobre o tema. O presidente do DPJ, Naoto Kan defendeu que o DPJ deveria apoiar a legislação porque seu partido já reconhecia os símbolos como símbolos do Japão. O deputado secretário geral e futuro primeiro-ministro Yukio Hatoyama entendeu que essa lei poderia causar divisões na sociedade e nas escolas públicas.
A Casa dos Representantes passou a lei em 22 de julho de 1999 por 403 votos a 86. A legislação foi mandada para a Casa dos Conselheiros em 28 de julho e aprovada em 9 de agosto. A lei foi promulgada em 13 de agosto. Tentativas de se designar apenas o Hinomaru como bandeira nacional pelo DPJ e outro partidos durante a votação da lei foram rejeitadas pela Dieta.
Em 8 de agosto de 2009, uma fotografia foi tirada em um encontro do DPJ para a eleição da Casa dos Representantes mostrando um banner pendurado em um teto. O banner era feito de duas bandeiras Hinomaru cortadas e costuradas para formar o logo do DPJ. Isso enfureceu o LDP e o primeiro-ministro Taro Aso, que alegaram que o ato era imperdoável. Em resposta, O presidente do DPJ, Yukio Hatoyama, (que votou a favor da Lei da Bandeira e Hino Nacional) disse que o banner não era o Hinomaru e não deveria ser considerado assim.
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