Lembrado pelo gosto amargo e pela aparência espinhosa, o melão-de-são-caetano, nigauri ou simplesmente goyá, para os okinawanos e seus descendentes, é o legume utilizado num dos mais famosos pratos da dieta de Okinawa – o “goyá champuru”.
De acordo com o site DEE-Okinawa, acredita-se que a palavra “goyá”, ou gooyaa (ゴーヤー) deriva do chinês “kuugua” (クーグア). “Gooyaa” é a palavra utilizada na ilha principal de Okinawa, sendo que em Miyako diz-se “goora” e em Ishigaki, “gooya”.
Em japonês, a palavra “goyá” pode ser representada pelos números 5 (“go”) e 8 (lido como “ya”, além de “hachi”). Como as datas são escritas da forma “mês/dia”, “5/8” (maio/8) foi instituído como o “Dia do Goyá”.
Originário do Sudeste Asiatico, no século 14 o goyá chegou à China, e acredita-se que entre os séculos 16 e 17 tenha alcançado o Japão. Como o “Ryukyu Koku Yurai Ki”, escrito em 1713, faz referência ao “nigauri” (苦瓜), provavelmente chegou em Okinawa antes dessa data. Apesar de ser conhecido por nós (eu e você, que está lendo – provavelmente) como “típico de Okinawa”, o goyá deu a volta ao mundo e é encontrado em vários países, inclusive no Brasil.
Quem já comeu goyá champuru em Okinawa diz que “é mais gostoso porque é menos amargo que o do Brasil”. Será que a planta é diferente, ou é a receita? Não sei, mas vamos mostrar a variedade de goyás que existem no mundo (que também devem ter gostos diferentes) registrada pela equipe do DEE-Okinawa numa exposição de “Goyás do Mundo”, no Okinawa Prefectural Agricultural Research Center, em Itoman.
No reino vegetal, há um símbolo incomparavelmente destacado da cozinha okinawana. Seu aspecto é assustador. É como se nele houvesse algo de teratológico, com aquelas verrugas irregulares, aquelas cicatrizes longas como queloides vegetais que parecem ter emergido da casca de um pepino submetido a tortura.
Há várias designações para esse legume essencial na mesa dos okinawanos. Por aqui, há quem o chame de melão amargo; outros, de pepino amargo ou pepino-de-são-caetano. Em japonês, nigaori, nigauri ou nigagori. Em okinawano, é simplesmente goyá.
Mais amargo do que o jiló, é crocante e dá uma sensação de frescor. Comer goyá depois de colhido do pé, cru e fatiado, apenas com algumas gotas de shoyu, é um prazer raro para quem gosta do legume. Mais usual é consumi-lo cozido com ovo, o goyá champuru. É simples de preparar, como simples costumam ser os pratos mais frequentes na mesa de uma família comum de Okinawa. Mesmo cozido, vem à mesa crocante. Muitos restaurantes adicionam ainda pedaços de carne de frango ou de porco e tofu. Pode-se também servi-lo frito com uma massa de farinha e água, quase como um tempurá.
Simples como o goyá champuru é outro prato que foi muito comum nas mesas das famílias de imigrantes okinawanos no Brasil e que, de tão simples, não esconde sua origem e consumo tipicamente rurais. É uma espécie de risoto de verdura, preparado apenas com arroz e folhas de um tipo especial de batata. Os okinawanos chamam esse prato de kandabá juu-shii. A notícia pouco animadora é ele só é encontrado no ambiente doméstico - é preciso ter um amigo okinawano cuja família saiba prepará-lo.
Verduras e legumes frescos, crus ou cozidos, são largamente consumidos em Okinawa. Embora também comam vegetais em conserva como os demais japoneses, seu consumo médio por pessoa é menor do que o das demais regiões do país. Como povo ilhéu, obviamente os okinawanos consomem muito peixe - e nesse aspecto sua cozinha pouco difere da conhecida cozinha japonesa. São também grandes consumidores de algas marinhas, de diferentes espécies, formatos e texturas. O kombu é essencial em muitos cozidos, consumido em tiras grossas, tiras muito finas, como invólucro de uma combinação de tiras de carne de porco ou de galinha e gobô, em nós com formato de triângulo, em sopas.
É possível encontrar esse Goya em todo Japão e até mesmo no Brasil, principalmente no Verão. Esse legume amargo, é fruto de uma cucurbitácea asiática (Momordica charantia), tendo a Índia oriental e sul da China como possível origem. Hoje é largamente cultivado em todo o mundo justamente pelo valor de seus frutos imaturos e amargos.Além disso, o goya tem muitas propriedades benéficas para quem o consome, diminui a taxa de açúcar no sangue para os diabéticos, auxilia nos problemas digestivos, é um anti-inflamatório, e até previne o câncer entre outros. Não é à toa que dizem que um dos motivos da longevidade de Okinawa se deve a este pepino. Essa receita ainda é composta de carne de porco que contém vitamina B6 e B12.
Goya Chanpuru é um prato típico de Okinawa que consiste num refogado de goya com carne de porco e tofu. Não é todo mundo que gosta já que goya é bem amargo, muito pior do que jiló.
Receita
Ingredientes:
- 2 goyas ou nigauri médios.
- 2 ovos
- 150g de carne de porco (pode ser bacon ou apresuntado, ou até outra carne.)
- 200g de tofu.
- 1 cebola cortada em fatias.
- 1 colher de sakê
- 1 colher de açúcar
- 2 colheres de missô
- Shoyu e tempero a gosto.
- Um pouco de hondashi (caldo de peixe em pó)
Modo de Preparo:
- Corte o Goya de comprido, tire as sementes, lave bem e corte em pequenas meia lua.
- Embrulhe o tofu em toalha de papel. Coloque num prato e leve ao microondas por 2 a 5 minutos em potência alta. Tire a toalha de papel úmida e embrulhe em outra seca. Corte em cubos de 2 a 3 cm.
- Quebre os 2 ovos e bata levemente.
- Corte a carne de porco ou apresuntado em tiras.
- Numa tigela, misture o missô com açúcar, sakê, shoyu, hondashi e adicione água até formar uma pasta que não seja grossa nem rala.
- Leve uma frigideira grande ao fogo alto e aqueça com pouco de óleo. Despeje os ovos e faça um ovo mexido, não frite demais.
- Agora com um pouco mais de olho, coloque o tofu, ate dourar de todos os lados.
- Faça o mesmo procedimento fritando a carne, depois refogue a cebola e o goya, ate murchar um pouco, e vá jogando a pasta de missô por cima.
- Depois misture tudo, e crie seu Chanpuru. (Misturado)
Fonte:
https://okinawando.wordpress.com/2015/05/08/8-de-maio-dia-do-goya/
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,mais-amargo-que-jilo-so-o-pepino-ou-melao-torturado-o-goya-imp-,4811
http://skdesu.com/goya-chanpuru-um-prato-amargo-de-okinawa/
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